Foi
aquele dia que passei sentada na varanda da minha casa. De chinelos havaianas e um
vestido floral inocente, você rindo da minha cara porque eu lhe propunha
contarmos junto as estrelas. Você rira porque isso era impossível, e também fiz o mesmo porque adorava a careta que
você fazia quando achava algo engraçado. Eu te achava engraçado. Adorava tudo o
que fazia, independente se fosse certo ou não. No fundo, nenhum de nós faz nada
certo igual. No fundo, somos todos crianças inocentes à procura de algo que
possa preencher os vazios dessas tardes insolentes, o silêncio das noites
geladas e das camas vazias. Do boteco abandonado, das cartas deixadas ao meio
junto com a garrafa de tequila pela metade. No fundo, todos nós queremos alguém
para preencher o espaço em branco na nossa agenda, o fim da tarde de sábado, a pipoca
doce do cinema vazio. Pode ser simplesmente para dar uma volta por aí. Pode ser
para qualquer coisa, até para fazer companhia e levar seu cachorrinho no pet.
Farei carinho nele e ouvirei com todo cuidado você falar de coisas bobas e aleatórias.
Sua aula de inglês dificílima, a viagem da infância, o tempo chuvoso que está
por vir. Me concentrarei nas suas caretas imperdíveis e gostosas de ver,
cruzarei meus braços sobre o peito para te desafiar. Gritarei bem alto:
-Vamos
correr na chuva?
Tudo
bem se você disser que não. Poderemos querer manter a saúde intacta, deixar
para o dia seguinte e fazer apenas uma simples caminhada ao cair da tarde, ou
empurrarmos nossas bicicleta um ao lado
do outro. Podemos até apostar uma corrida pelo quarteirão depois daquela prova
chatérrima, gritando as mais loucas coisas para o vento com o cabelo entrando
pela nossa boca. Faremos isso e depois deitaremos em um bom colchão, rindo e
bebendo qualquer bebida barata para comemorar o início das nossas férias. Tudo
bem você achar bem.
(Vanessa Preuss)
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