Você quer viajar. Pronto, você decidiu. Resta agora escolher
o destino, juntar dinheiro, hipotecar a casa. Ok, sem hipotecar a casa. Você
deixa de comprar aquela roupa incrível, aquele estojo de maquiagem ou o
conjunto imperdível de rodas para seu carro. É por uma boa causa, pelo
aprendizado, pela experiência incrível que todos dizem ser. E você aguarda o
tempo passar- o dinheiro juntar-, uma maravilha de espera.
Até que chega o sonhado dia, aquele pelo qual você perdeu
noites acordada, dias sonhando, meses imaginando, quinhentas mil pesquisas no
Wikipédia rolando, e os primeiros sintomas começam a aparecer.
Primeiro, a ansiedade.
Oh, my God! É mesmo verdade!
Depois as voltas pirotécnicas que seu estômago insiste em
dar. Você já tem o mapa em mãos, sabe todo o trajeto de cor, é sua primeira
viagem sozinha. Já treinou o francês, viu todos os seriados americanos possíveis, estudou o dicionário italiano. E como despedir-se dos pais sem chorar? Serão três meses fora.
Um mês já é muito para seu coração frouxo. Um mês já é muito para suas pernas também
frouxas. E o que dizer de três?
Por essa você não esperava, né? Você aperta os olhos com força, faz de tudo para não olhar nos deles: pai, mãe, irmão, irmã, amigos, gato, cachorro, tartaruga. Por que nenhum deles pode ir junto?
Por essa você não esperava, né? Você aperta os olhos com força, faz de tudo para não olhar nos deles: pai, mãe, irmão, irmã, amigos, gato, cachorro, tartaruga. Por que nenhum deles pode ir junto?
Por quê?
Ah, sim, você lembra. É uma viagem sozinha. Você prometeu
retirar-se espiritualmente, socialmente, e prometeu que iria conhecer o mundo a
pé, sem ajuda do pai ou da mãe. Economizou tanto para isso, poxa!
E agora?
Agora você precisa ir, óbvio.
Mas, como fazer isso? Mesmo catando e se nocauteando com
luvas de boxe firmes, você ainda não se sente convencida. Parabéns, você acaba
de conhecer o lado B. O lado B de uma viagem, da vida, das escolhas da vida. O
lado que seu coração quer ir, mas ao mesmo tempo fica. Quando você faz uma
viagem, seu coração sempre ficará dividido entre o lugar que você vai e o que
você deixa para trás.
Meu conselho? Chore se você for sentimental. Mas chore à
beça, do tipo escandaloso que nunca mais irá ver a família. É nessas horas que
você dará valor a todo o chamego, colo, comida e roupas lavadas de graça. A
toda a atenção, gestos de carinho mesmo quando não merecido, e todos os gritos
para levar mais um casaco. Isso não acontecerá mais daqui adiante. E isso será
bom e ruim, porque você irá passar frio e aprender a fazer o mesmo com seus
futuros filhos. E você aprenderá com a viagem, com a saudade, dará muito mais valor
ao contato físico e presente das pessoas que ama. E isso poderá até ser o lado bom do lado B.
E então, o que está esperando para fazer as malas?
Há muitos lugares lindos te esperando!
;)
Beijocas,
Vanessa Preuss
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