quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

UM POUCO SOBRE MIM


Tive o sonho de ser modelo (como a grande maioria das mulheres) desde pequena. Bem, talvez eu não fosse tão pequena assim. Pensei, e também pesquisei sobre o assunto quando tinha cerca de 14 anos. Geralmente é essa a idade em que as modelos são descobertas(ou que deveria pelo menos ser, por estarem no início da juventude, e por ser este um caminho longo e nem sempre proveitoso- eu não sabia disso na época!). Mas, vejam bem. Eu tinha certeza que isso jamais aconteceria comigo por dois simples motivos. 1º- Eu não era alta, e 2º- Eu não passeava em shoppings centers. Não, eu não estava louca. Vou explicar o último. Sempre, em toda minha vida até então, eu tive a clara certeza que todas elas eram descobertas em shoppings centers. “Fulana de tal foi encontrada por um olheiro passeando no shopping center na capital”. Entendeu? Era assim para mim.

Então, se toca garota, adeus ideia imbecil de ser modelo.


Falei isso para minha consciência, mas ela não aceitou. Eu nunca revelara isso a ninguém, mas passava suspirando vendo os concursos de misses na TV, e de soberanas na minha cidade. Minhas amigas sempre foram lindas e eu desejava ser assim também. Mas qual era o problema comigo, afinal? Eu não era bonita também? Pois bem, eu iria descobrir o porque dessa dúvida mais tarde, o que seria um dos maiores aprendizados de minha vida. Mas antes (eu sempre detestei essa parte) tive que passar por uma prova grande de superação. E fui eu mesma que a impus para mim. Tive anorexia aos 16 anos. Sim, é verdade. Quem me conhecia na época sabe o que eu me tornei (não o que passei, porque isso só eu sei.)Pois bem, eu estava no segundo ano do ensino médio, trabalhava, estudava, e não me alimentava. Não sei se pelo fato de desejar ser modelo em si. Decidi assim, por um impulso negativo da minha cabeça, pela decisão desnecessária de que precisava emagrecer. Emagreci. Muito. Até demais. Atingi o meu objetivo feliz, pouco tempo depois, mas em frangalhos. Eu não tinha forças sequer para me manter em pé. Sequer para chorar. Brigava por tudo, me tornei uma completa chata. Tudo era comida em minha cabeça. Não à comida. Deixei minha mãe louca, mas não sei como eu não enlouqueci. Ou morri. Tudo bem, não vou me exaltar. Quando estava ao meu extremo, comi. Com culpa, dor e remorso, mas comi. Eu não sentia mais a vida em mim. Pedi urgentemente para minha mãe se ela me permitia largar o emprego. Eu não aguentava mais. Ela deixou, e no tempo que passei em casa, pude me recuperar. Isso quer dizer, engordar. Precisei tomar hormônios, por não menstruava mais. Depois pílula, e lentamente, fui me tornando uma mulher de novo, de verdade. Entrei no grupo de jovens da minha cidade, e aquilo me abriu a cabeça em muitas coisas que não eram claras para mim antes. Minha fé se tornou a mais pura possível. Eu rezava todo dia, ia toda semana á missa. Eu começava a me apaixonar pela vida novamente. Durante o tempo que permaneci em casa, escrevi um livro que jamais terminei, mas que floresceu em mim o gosto que eu sempre cultuava: a escrita. Voltei ao colégio(eu jamais tinha parado, mas dessa vez a sensação era diferente), participei das escolhas de soberanas da minha cidade, e não fui escolhida. Escreverei um outro texto sobre ser soberana para vocês aqui, mas agora não vou me aprofundar. Não fui escolhida. Ponto. O que fiz? Comemorei com a minha melhor amiga, porque, de fato, ela tinha merecido e estava muito linda. Depois, fui para casa e pensei: não era o teu momento. Uma semana depois, voltei a trabalhar. Aquele emprego me fez evoluir mais um bocado. Digo, UM BOCADO, assim, com ênfase e letra maiúscula, pois foi assim que me senti depois que saí de lá, para trabalhar no jornal da cidade vizinha. Aliás, vale lembrar que antes disso, bem antes, entrei na faculdade de jornalismo, em 2011, e trabalhei durante 3 anos na empresa Kappesberg e escrevendo artigos para um pequeno jornal quinzenalmente. A passagem no jornal, mesmo que breve, foi muito prazerosa. Conheci pessoas fantásticas, maravilhosas, com cabeça feita e muito, muito dinâmicas e trabalhadoras. Fiz amigos, saí de lá cedo demais. Mas percebi que um broto nasceu dentro de mim. Primeiro era a dúvida. Por que eu, estudante de jornalismo, fui trabalhar em um jornal e não me encontrei ali? Faltaram anos na graduação? Faltou um pouco de espera? Não e não. Não faltou nada disso. Faltou saber que aquilo, o jornalismo impresso, não era para mim. Eu é que precisava me encontrar. Fui fazer jornalismo porque, óbvio, gostava de escrever. Eu precisaria gostar de escrever se quisesse fazer jornalismo, certo? Certíssimo. Mas também preciso gostar de escrever se, bem, por exemplo, quisesse escrever somente artigos, ou crônicas, ou livros. Humm, que acham? Eu só sei que me achei. E que me sinto muito feliz com isso. Trabalho em outra empresa em Tupandi, na parte administrativa e estou cada vez mais ciente de que nada vem por acaso na nossa vida. Aprendi deveras aqui, deveras. Agradeço copiosamente todos os dias, com as mãos bem elevadas ao céus, por ter pessoas tão influentes ao meu lado, que possam me engrandecer tanto. Claro, tenho tão somente 21 anos, ainda há muito pela frente. Mas, gente, é muito bom poder olhar para dentro de si e perceber o que você realmente quer e precisa fazer. Todos nós temos nossa missão no mundo. Meu sonho de ser modelo, infelizmente, abandonei. Mas deixar de sonhar isso me abriu um novo caminho, muitos outros sonhos, e já me traz muitas alegrias. Esse monólogo extenso demais é somente um pouquinho de mim, mas já dá a entender a dimensão do mundo diante daquele meu olhar pueril que sustentei até minha adolescência (que permanece um pouco até hoje e que manterei acesa para sempre dentro de mim). Digo isso porque acredito que ser criança é uma das melhores experiências que podemos ter, mas ver a si mesmo crescer, evoluir e dar a cara a bater, gente, é uma coisa espantosamente fantástica e prazerosa. Só quem chega ao fim sabe o quanto o caminho que percorremos ensina e nos faz crescer.


O que acharam da minha história? Já passaram por algo semelhante?

Um beijo grande,

Vanessa Preuss

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