Olá, pessoal!
Tudo bem?
Hoje resolvi fazer um post falando um
pouco da minha experiência como escritora, justamente quando estou sentada na
frente do computador, criando. Para quem não sabe, são inúmeros processos até a
história se transformar na história que de fato é impressa no papel pronto, um
trabalho minucioso e que exige muito amor, leitura e revisão, até chegar o mais
perto da perfeição.
Ainda assim, nunca estamos
completamente livres do erro, sendo que outras pessoas também revisam por nós e
checam tudo para ver se está certinho. Achou que era tão fácil assim? rs
Não é não..
O que estou postando hoje é uma prova
viva de que um livro sofre por diversas alterações antes de chegar à seu
formato final, revisado e certinho, do jeito que queremos. São dias e noites, são meses, muito esforço e muita concentração, tudo em prol de uma causa: o melhor formato para o leitor. E a trajetória é longa e cheia de ideias. Quer ver?
Meu primeiro livro, por exemplo, teve vários nomes antes de ser definido com A Garota de Greenwich definitivamente. Antes desse título que deu super certo, A Garota de Greenwich era A História de Roberta Cartner, e A Londrina. Escrevi ele em cinco meses, um feito histórico para mim, mas que também me fez abdicar absolutamente de tudo (!) para me dedicar à ele.
No final, A Garota de Greenwich combinou certinho com o livro que se tornou, com o espírito e com a mensagem que eu queria passar.
Ledo engano quem pensa que ele saiu prontinho. Principalmente o inicial, teve uma repaginada profunda e daquelas!
Meu primeiro livro, por exemplo, teve vários nomes antes de ser definido com A Garota de Greenwich definitivamente. Antes desse título que deu super certo, A Garota de Greenwich era A História de Roberta Cartner, e A Londrina. Escrevi ele em cinco meses, um feito histórico para mim, mas que também me fez abdicar absolutamente de tudo (!) para me dedicar à ele.
No final, A Garota de Greenwich combinou certinho com o livro que se tornou, com o espírito e com a mensagem que eu queria passar.
O ENREDO
Ledo engano quem pensa que ele saiu prontinho. Principalmente o inicial, teve uma repaginada profunda e daquelas!
Tudo para não fugir do caminho que eu
desejava seguir, e para ter uma pegada mais madura, apesar de ser bastante leve
e ainda divertido! O livro foi escrito diversas vezes, arrumado, corrigido, revisado. Ufa! Depois dizem que escritor não é revisor.. Tem que ser, e muito!
E para quem ainda não leu, esse pequeno exemplo vai dar aquela
vontade de ler para saber como ficou.
Para quem já leu, a diferença será hilária.. e gritante! Isso é ser escritora..rs
Para quem já leu, a diferença será hilária.. e gritante! Isso é ser escritora..rs
Espero que gostem, do fundo do meu
coração.
A
GAROTA DE GREENWICH- ANTES DE SER (DEFINITIVAMENTE) UM LIVRO
"Minha história começa comigo
dizendo que tenho vinte anos, seios pequenos e pouca perspectiva de vida. Não
sei dizer quanto ao meu futuro, porque meus dias se sucedem em um ritmo
constante e porque eu nunca tentei alterar o rumo que me foi escolhido.
Eu sou uma garota normal, que tem
certeza das poucas coisas que sabe e que ainda assim sabe pouco dessas coisas.
Talvez o mundo me afete de alguma forma que eu acorde. Ou talvez, eu tenha medo
o suficiente para não tentar acordar, e aí que eu me acordo de verdade.
Espero que, apesar disso, eu nunca
perca minhas ilusões.
Roberta Campanaro é uma garota humilde
que mora com seu pai e tem Thomas Lazzari como seu melhor- e único amigo. Órfã
de mãe, ela vive sem muitas perspectivas, e quando é assediada por um cliente
da empresa em que trabalha, decide sair dali sem pensar muito. Ela sai de casa
para passar um tempo na casa de uma tia, mas a poucos quilômetros de casa, um
carro desgovernado bate na sua traseira e ela entra em um desfiladeiro. Lá, ela
tem um encontro inesquecível, e essa mudança afetará sua vida muito mais do que
ela poderia um dia imaginar.
-Bom dia!
É segunda-feira, e meu pai espia pela
fresta do meu quarto documentando seu sorriso contagiante e despertando-me
antes do início de meu dia. Meu despertador me acordou, e enquanto eu ainda me
preparo para mais um alvorecer dos pássaros ao longe, deixo o som gostoso bater
em meu ouvido daquele modo afetado e clandestino. Ressoando uma música sensual
do Guns N’ Roses, o bom timbre que atravessa meu tímpano me enraivece, mas me
faz sorrir, e lembro, ainda em instância de acordar, que este foi o motivo por
eu me apaixonar pelas belas manhãs de flores rosáceas e amarelas que cascateiam
da minha janela como plumas de bênçãos no inverno.
Pego o aparelho entre meus dedos,
tamborilando os dedos sobre sua superfície fria com maestria. Eu, Roberta
Campanaro, que fui deportada pelos meus avós do Reino Unido ainda na barriga de
minha mãe, e para quem o Axl Rose sempre canta tão divinamente, chamando-me de
doce menina e levando-me aos céus de minha imaginação, compreendo que é
segunda-feira e o mundo lá fora me espera. Quero me esconder debaixo do
cobertor, mas giro, suave e fofo, o lençol para o lado. Ergo a cabeça
milimetricamente. O sol já se infiltra entre o vão de minha janela, e descubro
que o dia, novamente, já reinou para mim e o resto da humanidade.
“Certo. Não para os japoneses, afinal,
eles estão indo dormir..”
Outra risada atravessa minha face. Que
coisa magnífica poder acordar assim! Mas, lembro-me incontida, preciso
levantar, vestir-me, e até ajeitar o cabelo razoavelmente e tirar as marquinhas
de sono de meu rosto icônico, meu ônibus já estará me esperando longe da minha
esquina. Desavença.
Levanto rapidamente. Olho-me no espelho
e sorrio pela terceira vez. Até não estou tão em desagrado comigo. Sinto-me
bonita, mesmo com os cabelos arrepiados, mesmo com o bafinho que sinto de minha
voz, e o pijama de coelhinhos amarelos saltitantes que cola em meu corpo toda
vez que decido levantar.
Sinto-me estonteante, e até o momento
em que cato a escova em meio ao emaranhado de bagunça que atravessa meu quarto,
e escovo meus cabelos com suavidade, tenho certeza de que tenho razão disso.
Sorrio para mim no reflexo do espelho e vejo que não só meus dentes claros, mas
meus olhos estão brilhando. Arrisco sussurrar baixinho que estou linda. Coro.
Isso não é normal em mim. E lembro-me mais uma vez que preciso me apressar.
Vou rapidamente até o banheiro. A loção
recém usada de meu pai paira no ar, e tento imaginar o quanto eu desejaria que
o de um namorado também pairasse. Balanço a cabeça, esquecida, e lembro-me
furiosamente que isso jamais será possível.
-Acorda, Roberta. Isso é humanamente
impossível de te acontecer.
E eu sei as razões disso, embora tenha
que enxugar novamente com força e raiva as lágrimas que sempre insistem em
despencar. Enxugo meu rosto severamente com a toalha e uma raiva cresce dentro
de mim, e enquanto abaixo meus coelhinhos até meus pés, sinto que minha urina
vai se ejetar rapidamente. Apresso um pouco a descida da calcinha e o faço
deliciosamente no vaso. Quando me dou conta do tempo que estou apreciando essa
maravilhosa sensação, tiro o restante de minha roupa, me esquivo de minha
calcinha totalmente e arqueio as mãos para trás, soltando maquinalmente o fecho
da minha lingerie rosada. Tento não pensar que talvez venha a corar de vergonha
de mim mesma.
Entro no box, e o vapor que sai do
chuveiro me toma por completo. Ahh, que sensação maravilhosa... Procuro o
sabonete com os olhos fechados, enquanto sinto a água molhar minha pele, corpo
e alma totalmente. Em minhas mãos, toca um vestígio quase inexistente de glicerina.
“Ótimo, ninguém se lembrou de comprar sabonete.” Tento disfarçar a dor que
volta a tomar meu corpo como se fosse uma perseguição incessante, e tento
refletir sobre como estava feliz a pouco tempo atrás. Meu pai grita da sala.
-Beta, seis horas!
Puta merda.. Estou atrasada. Meu ônibus
passa às seis e dez.
Enxugo a espuma que havia colocado no
meu cabelo com um fiapo de shampoo em promoção e esqueço que um dia precisei de
um sabonete. Saio correndo dali com a toalha mal enrolada em meu corpo e um fio
de água segue os passos que deixei pelo caminho.
Em cinco minutos, estou pronta, mesmo
depois de cair duas vezes por cima da toalha e arrancar roupas às avulsas por
sobre minha cama. “Você não tem muito tempo para pensar, Roberta. É isto mesmo
que irá vestir.” E saio de lá com uma regata verde musgo, uma calça jeans
desaforada e uma sandália tão velha que ainda fico me perguntando, já dentro do
ônibus apinhados de pessoas que olhavam para meus pés estupefatos, em como
ainda a tinha em meu armário.
Jogá-la no lixo seria a primeira coisa
que faria quando voltasse para casa. Mas até lá.. Dane-se. Já estou acostumada
com isso, e embora me questione em muitas vezes como não consegui ser pouco
mais delicada como as outras garotas, lembro-me das razões para ser assim.
Perdi minha mãe aos cinco anos de
idade. Sei que não é desculpa, mas é fato. Até ali, o mundo, e inclusive eu,
achava que eu tinha salvação. Sim, eu já me dava conta da minha estranheza, e
depois que perdi minha mãe, após um surto de tuberculose no trabalho, sei que
me tornei ainda pior. Minhas pernas magérrimas e desengonçadas hoje são prova
disso, meu jeito e minha dificuldade de lidar com as pessoas. Mais tarde,
percebi que meu seio minúsculo também, quando um garoto do 5º ano me disse isso
com os olhos efervescentes. Eu não o deixei colocar a mão, e acho que foi por
isso que constatou essa franqueza. Minha nossa, eu tinha 11 anos! Onde essas
pessoas estavam com cabeça para pensar uma coisa dessas?
Não houve dúvidas: eu me tornei a
gozação do colégio, e não houve consolo que pudesse me acalmar.
Embora meu pai não concordasse com isso
jamais, e dissesse que eu era a cara de minha mãe, ele simplesmente habituou-se
a, toda manhã, preparar o meu sanduíche com duas fatias de pão e duas de queijo
e informar-me o horário para trabalhar. Sei que, se não fosse ele, eu
naturalmente perderia o horário de meu ônibus quase todas as manhãs e
provavelmente já estaria fora do emprego. Mas, às vezes, eu sentia falta de um
abraço mais forte dele, e frases que iam além do “São seis horas, Beta”, e do
“Aqui está seu sanduíche, meu bem.” Esta era sua forma de me amar, e mesmo que
eu soubesse disso, isso me arrancava outras lágrimas em segredo. Meu pais
sofrera muito com a perda da minha mãe, e eu via seu rosto lindo toda vez que
ele olhava para o horizonte e perguntava por respostas. Eu sabia que ele nunca
as encontraria, porque a vida era assim e ninguém jamais tinha conseguido
alterar o rumo das coisas."
E aí, o que acharam? Bastante
diferente, né?
Essa é a vida de quem
escreve..hehe
Gostaram mais da original ou dessa?
Deixem seu comentário!
Beeijos,
Vanessa Preuss
2 comentários:
Suas palavras foram muito verdadeiras. Ser escritor não é fácil e exige muita, muita dedicação e disciplina. E acredito que uma das partes mais recompensadoras é o retorno dado pelos leitores depois que nosso tão suado trabalho finalmente é apresentado a eles. Desejo-lhe muito sucesso nessa caminha, Vanessa! Abraço!
Olá Abraham! Não é nada fácil! Acontece que não estamos aí para desistir, não é mesmo? Para quem se esforça tudo vem, e isso jamais é de um dia para o outro! Um beijo grande! :)
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