segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

CRÔNICA DE UM QUARTO BAGUNÇADO


Certo dia, eu entrei em casa e dei de cara com o quarto bagunçado. Lençóis enrolados sobre a cama, coberta no chão, papel para fora das gavetas. Arregalei os olhos, coloquei uma mão na testa, verifiquei o pulso e as meias no canto da cama. Sim, eu estava bem, apesar do susto, e ignorei os célebres livros abertos sobre os travesseiros que riam de mim. O que diabos era aquilo? Onde e de que maneira eu havia deixado isso assim? Eu estava absorta.
Algum espertinho entrou e bagunçou tudo sem eu perceber? Cravei as mãos umas nas outras.
Ah, é claro. Só podia ser isso. Alguém veio, passou como um furacão e jogou tudo pro ar. Cantou músicas capiróticas, deixou a loucura bater, depositou no coitado do meu quarto, meu templo sagrado, todo seu ódio.
Quanta ousadia!
Até então, minha vida era totalmente organizada, planejada, eu sequer ousava ter algo fora dos eixos. Eu nunca faria isso. Faria? Então olhei com tensão para minha mão. Dentro dela, a chave do meu apartamento. Estivera todo tempo comigo. Eu não podia acreditar. Corri para o porta chaves secreto dentro do cadeado atrás do quadro da sala.. Estava a cópia lá.
E ao meu redor, tudo fora da zona tempestuosa de meu quarto estava bem.. e organizado. Nada sumiu. Nada quebrou, ou saiu do lugar. Quem estivera ali então?
Mais: quem faria isso somente no meu quarto?
                                                  SOCORRO!

Fui raciocinando até perceber algo claro. Meu quarto era meu templo e eu já tinha dito isso diversas vezes. Era meu depósito de sonhos, metas, desejos e fracassos abandonados. Quarto de ambições. De suspiros, algemas às quais eu me amarrava, prendia e poucas vezes soltava. Porque tinha virado nisso então?
Eu não queria falar, mas –sim!- eu estava com vergonha dele agora. E de mim. Quem o tinha deixado assim fui eu. Quantas vezes eu percebi o quanto meu quarto refletia meus sentimentos? E o quanto eu costumava bagunçar e reclamar deles ao invés de agir por mudanças e melhorias de fato?
Nosso quarto é nossa vida. Cada coisa fora do lugar é uma peça da nossa vida que também precisa ser ajeitada. Não por nada que Bill Gates disse certa vez em uma entrevista para jovens: “Antes de querer conquistar o mundo, tente primeiro arrumar seu quarto.”
Muitos de nós apenas imaginamos que o importante é sair para o mundo e fazer acontecer. Claro, também é. Mas primeiro, precisamos olhar para dentro de nós. Para o nosso quarto interno, e ver o quanto ele pode estar sendo bagunçado. Como iremos conseguir conquistar o mundo se sequer percebemos o quanto temos que mudar interiormente? Se sequer pegamos uma vassoura para varrer o superficial e focar no que realmente importa?

Precisamos aprender a primeiro organizar nossa vida pelos meios mais simples. Limpe seu quarto. Arrume a cama. Feche as gavetas e dobre os papéis. É um método simples no qual a gente insiste em complicar.
Tire os lençóis, ponha-os para lavar e guarde as meias no lugar. Meus livros foram empilhados na estante junto com os outros desde que aprendi isso, e a partir dessa noite, dormi em lençóis perfumados. Percebi o quanto fizeram bem para mim e minha alma. Eu nunca estive tão organizada em minha vida.  Só depois de limpar sua alma que você pode começar a limpar o mundo em sua volta. Simples e prático assim.

                                    Inspire-se!

Boa semana,

Beijos grandes

Vanessa Preuss

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